Sala, Trump e Bolsonaro são responsáveis pelas consequências das suas decisões políticas e técnicas

Até este momento, os Estados Unidos contabilizam mais de 465 mil casos do novo coronavírus e cerca de 16.500 mortes por complicações da Covid-19. Enumerando as falhas cometidas pelo presidente Donald Trump estão (1) subestimar a doença, comparando-a a uma simples gripe, (2) demora em fechar os aeroportos de voos vindo das zonas mais afetadas, (3) falta de articulação com os estados para implantar o autoisolamento social, (4) falha na compra e disponibilização de insumos hospitalares, (5) não aceitação das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para testar a população e rastrear os casos e (6) confusão criada com informações falsas e confusas, como a promessa de uma vacina rápida, da reabertura do comércio para a páscoa, da cloroquina como uma droga capaz de impedir a progressão da doença etc. Todas essas questões fizeram com que o vírus se espalhasse de maneira rápida e descontrolada, transformando os EUA no epicentro da pandemia. Só hoje, foram contabilizados mais de 30 mil novos casos no país. Semanas antes, na Itália, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, subestimou a pandemia, mesmo já tendo casos confirmados no país. Ele encomendou a campanha "Milão Não Para", contestando a ciência, condenando o isolamento social e o fechamento do comércio. Hoje, a cidade enfrenta uma quarentena sem data para o fim, colapso no sistema de saúde e mais de 10 mil mortes na região norte do país. O presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro repete os mesmos erros dos líderes italiano e estadunidense, porém com um delay assustadoramente injustificável, como se as experiências ao redor do mundo não servissem como aprendizado. Enquanto o mundo se alinha e para, o presidente brasileiro sustenta crises diárias com (1) ameaças de demissão do ministro da Saúde, (2) críticas a governadores e prefeitos por manterem o comércio fechado e o autoisolamento social, (3) chama de histeria os alertas da ciência, (4) alimenta teorias conspiratórias, (5) espalha fake news que confundem a população, (6) convoca milícias virtuais a atacarem quem discorda dele, (7) defende o funcionamento de templos religiosos e (8) faz passeios diários pelo comércio da capital do país. O que não podemos nos esquecer é que o governante é o principal responsável por acatar alertas e informações técnicas e tomar medidas para proteger a população. Todas as consequências das suas decisões (ou omissão) são de sua inteira responsabilidade. Assim como os prefeitos de Milão e o presidente estadunidense amargam as respostas por sua gestão desastrosa da crise, Jair Bolsonaro vai amargar as consequências por suas decisões. Infelizmente, o presidente ainda não foi tomado por um mínimo de sensatez e parece que só deve fazer isso após provocar a morte de inúmeras pessoas que foram condenadas pela ignorância do seu governante.